A História dos Grandes Prêmios – Alemanha 1952

A sexta etapa do campeonato mundial de 1952 foi o GP da Alemanha, no dia 3 de agosto. Foi o segundo ano em que a Fórmula 1 foi até o sinuoso circuito de Nürburgring para a corrida alemã. Os pilotos precisaram completar desafiantes 18 voltas na pista, totalizando mais de 400 km percorridos. Novamente, repetindo o resultado das demais provas do ano, a Ferrari exerceu domínio absoluto. A oitava vitória da Scuderia ficou nas mãos do líder do campeonato, Alberto Ascari, que pela sexta vez subiu no alto do pódio. Como sua liderança no campeonato era extensa, Ascari se sagrou campeão antecipado de 1952 nesse GP. Além disso, o italiano foi acompanhado no pódio pelos companheiros de equipe Giuseppe Farina e Rudy Fischer.

Contexto da corrida

A Ferrari levou para a Alemanha o seu mais que favorito ao título, Ascari, bem com os titulares Farina e Piero Taruffi. Os dois tinham ainda chances de manter a briga pelo caneco viva, mas precisavam vencer. Já Ascari precisava da vitória, mais o ponto extra da melhor volta. Como ele já havia conseguido isso algumas vezes durante o ano, a chance do título ser decidido na Alemanha era grande.

Aproveitando a superioridade do equipamento italiano, mais pilotos se inscreveram com Ferraris privadas. Rudolf Fischer e Roger Laurent foram para trás dos volantes de modelos 500, o mesmo da equipe de fábrica. Já Rudolf Schoeller escolheu a Ferrari 212 Inter esportiva, normalmente usada por Peter Hirt. Por outro lado, Piero Carini usou um já ultrapassado modelo 166.

Ao contrário do GP da Inglaterra, Jean Behra voltou a ocupar um assento na equipe Gordini. Ao seu lado, estavam Maurice Trintignant e Robert Manzon. Já a Maserati, que ainda não havia conseguido competir com seu chassi A6GCM, estava desfalcada. Juan Manuel Fangio ainda se recuperava do acidente que sofrera em Monza, e Juan Froilan Gonzalez estava indisponível. Por isso, Felice Bonetto foi o escolhido para representar a equipe de fábrica italiana. A Escuderia Bandeirantes, que também corria com chassi Maserati, levou a dupla Gino Bianco e Eitel Cantoni para a Alemanha.

Alemães correm para representar o país em casa

Esse GP alemão marcou a estreia de uma importante marca daquele país como construtora na Fórmula 1. A BMW teve muito sucesso nas competições pré-guerra, especialmente com o chassi 328. Até que, para essa corrida em 52, pilotos germânicos decidiram levar versões atualizadas do velho modelo para correr em Nürburgring. Eram eles: Rudolf Krause,Ernst Klodwig,Günther Bechem e Harry Merkel. Eles foram acompanhados na escolha de equipamento pelo francês Marcel Balsa.

A construtora Veritas também abrigou muitos pilotos da casa para essa corrida. Dois tipos de chassis estavam presentes no final de semana. Um era o Meteor, cujo volante estava nas mãos de Paul Pietsch,Toni Ulmen e do veterano de guerra da força aérea alemã, Hans Klenk. O outro era o Veritas RS, equipado com motor BMW. Os seus pilotos foram Adolf Brudes, Fritz Riess, Theo Helfrich e Joseph Peters. Por outro lado, a equipe AFM também usava equipamento BMW dos anos 30 aprimorado, uma versão moderna do antigo time da marca. Os alemães Willi Heeks, Helmut Niedermayr, Willi Krakau e Ludwig Fischer foram os pilotos da AFM para essa prova.

A britânica HWM, mesmo com compromissos mais atraentes para os pilotos na Inglaterra, conseguiu escalar três para a corrida na Alemanha. Peter Collins foi o titular, com Paul Frère e Johnny Claes como convidados. O australiano Tony Gaze se inscreveu com um chassi HWM privado. Outro britânico, Bill Aston, decidiu enfrentar o inferno verde com seu carro  Aston Butterworth.

O passeio decisivo de Ascari

A pole position ficou nas mãos de Alberto Ascari, com um tempo de 10min4seg em volta do longo circuito. Farina ficou com a segunda posição no grid de largada, pouco mais de dois segundos mais lento. Ao lado das Ferraris na primeira fila os Gordinis de Trintignant e Manzon conquistaram ótimos terceiro e quarto. Porém, já muitos segundos mais lentos que Ascari. Na fila de trás, Taruffi e Fischer ficaram com a P5 e a P6. Na sétima colocação, se alinhou o representante local Pietsch.

Na largada, Ascari disparou e segurou a ponta, com Farina atrás. Manzon largou bem e manteve a posição. Trintignant não saiu bem e ficou na largada, abrindo espaço para Taruffi. Mas quem largou melhor foi Bonetto, que saiu de décimo para ser quinto. Porém, o desempenho dele não durou muito: na metade da primeira volta um pneu estourou. Ele acabou em uma vala, mas os fiscais conseguiram retirar seu carro e ele voltou para a prova. O italiano voltou aos boxes, apenas para ser desclassificado por ter recebido ajuda externa. Na segunda volta, Trintignant, que não ia nada bem, saiu da pista e arrebentou a suspensão, tendo que abandonar. Nessa mesma volta mais cinco pilotos abandonaram. Na próxima, mais três. Até a volta 7, mais seis entraram para a lista. Conclusão: não é a toa a fama de Nürburgring.

Mas não foi tão fácil

Enquanto esse caos tirava tantos da competição, Taruffi conseguiu passar Manzon para assumir a terceira colocação. Ascari fez a melhor volta da prova no giro de número 5, com um tempo 10min5seg1, e abriu uma liderança grande em cima de Farina. Tudo parecia que ficaria bem para o então futuro campeão. Até que ele decidiu fazer uma parada. Porém, os mecânicos da Ferrari não estavam preparados para recebê-lo. Com isso, demoraram tanto que Farina assumiu a ponta. Ascari conseguiu voltar para a pista nove segundos atrás do companheiro. Nesse meio tempo, Taruffi começou a sofrer com problemas de suspensão, perdendo a posição para Fischer.

Ascari estava determinado a garantir o campeonato na Alemanha. Ele foi tirando a diferença, até que chegou no companheiro no meio da última volta. Ele passou o compatriota, partindo para vencer, e de quebra levar o campeonato. Farina ficou com a segunda colocação, seguido de Fischer em terceiro. Taruffi e Behra completaram a zona de pontuação em quarto e quinto.

Resultado do GP da Alemanha de 1952

A vitória e a volta mais rápida renderam a Ascari mais nove pontos no campeonato. Com isso, o ferrarista chegou a 36 pontos, uma larga vantagem para Taruffi, o segundo, com 22. O terceiro era Farina, com 18, seguido de Fischer, com 10. Ou seja, o campeonato de 52, sem nenhuma surpresa, já estava decidido, faltando ainda duas corridas.

 

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