A História dos Grandes Prêmios – Bélgica 1955

O GP da Bélgica foi a quarta prova daquele campeonato e, apesar de uma surpreendente Lancia com Eugenio Castellotti ao volante, Juan Manuel Fangio e Stirling Moss é que dominaram amplamente a corrida para a Mercedes

Juan Manuel Fangio durante o GP da Bélgica: foi a 15ª vitória do argentino na categoria

A edição de 1955 das 500 Milhas de Indianápolis foi uma das melhores, mas as mortes de Many Ayulo durante os treinos e de Bill Vukovich durante a corrida ensombraram a clássica corrida. A entrada da USAC (Unite States Auto Club) a partir de 1956 na organização da Indy 500 e também de todas as outras provas correspondentes ao calendário da categoria seria importante para a organização da parte de segurança, que teria uma melhoria considerável até o final dos anos 50 e no decorrer das décadas seguintes. Apesar das 500 Milhas de Indianápoilis fazer parte do calendário do Campeonato Mundial, a Fórmula-1 não sofreu grandes efeitos da prova americana até porque seus pilotos não foram (mais uma vez) para a corrida, mas mesmo assim ainda tinham muito que se lamentarem pela morte precoce de Alberto Ascari em Monza ocorrido quatro dias após o GP de Mônaco e seu famoso mergulho no mar. A causa do seu acidente com a Ferrari 750 Monza não teve uma explicação real, mas ficou a desconfiança de que o uso de aros mais estreitos nos pneus pudessem ter contribuído para uma falha quando Ascari contornava a veloz curva Viallone, causando a derrapagem que culminou no capotamento do carro e morte praticamente instantânea de Alberto. Para os fãs e comunidade automobilística, ficou a tristeza para aquele que foi o primeiro a levantar por duas vezes a taça de bicampeão da Fórmula-1.

Os inscritos

Foram 15 inscritos para o GP da Bélgica, então quarta etapa do Campeonato Mundial, divididos em sete equipes: a Mercedes levou três W196 que foram usados por Juan Manuel Fangio, Stirling Moss e Karl Kling – este último retornando a competição após ter ficado de fora de Mônaco, e ele usaria um chassi mais curto entre eixos enquanto que Fangio e Moss usaria o mais longo; A Ferrari levou quatro modelos 555 que ficaram sob os cuidados de Giuseppe Farina, Maurice Trintignant – que não estava no melhor de sua forma física, após ter sofrido um acidente durante a etapa da Supercortemaggiore em Monza – Paul Frère e Piero Taruffi; a Maserati teve cinco 250F nesta prova, sendo quatro oficiais para Jean Behra, Luigi Musso, Roberto Mieres e Cesare Perdisa. O quinto 250F foi inscrito por Louis Rosier com a sua equipe Ecurie Rosier; a Lancia não vivia um bom momento por problemas financeiros e ter ficado sem um piloto de classe, como era o caso de Alberto Ascari, só ajudou a pior ainda mais. Mesmo assim, inicialmente, levariam três D50 para Spa-Francorchamps para Eugenio Castellotti, Luigi Villoresi e Piero Valenzano, mas no final apenas Castellotti é quem alinhou para a corrida e os outros dois carros serviram para reposição nesta etapa;

AVanwall levou apenas um VW55 para Mike Hawthorn, já que Ken Wharton ainda se recuperava do acidente sofrido em Silverstone um pouco antes do GP de Mônaco; Johnny Claes pilotou o Maserati 250F da equipe de Stirling Moss. A equipe Gordini não apareceu para este GP, pois estavam trabalhando no carro desta temporada. Outro que chegou a se inscrever e não apareceu foi Olivier Gendebien, que pilotaria a Ferrari 625 da Ecurie Nationale Belge. A exemplo de Gendebien, Principe Bira não foi a Spa e de imediato anunciou a sua aposentadoria das corridas.

Castellotti é pole em Spa

Apesar dos problemas externos enfrentados pela Lancia, na pista ainda havia algo para elevar o moral da equipe quando Eugenio

Eugenio Castellotti conquistou a sua primeira pole na Fórmula-1

Castellotti conseguiu bater as Mercedes durante a qualificação ao ficar meio segundo a frente de Fangio, alcançando a marca de 4’18’’1 – feita sexta, uma vez que no sábado o dia foi chuvoso e os tempos não foram melhorados . O jovem italiano conquistava

assim a sua primeira pole e começava a confirmar as boas expectativas que eram depositadas sobre ele. Na segunda colocação aparecia Fangio e em terceiro Moss, fechando a primeira fila. Giuseppe Farina ficou com a quarta posição, com Jean Behra em quinto, Karl Kling em sexto, Luigi Musso em sétimo, Paul Frère em oitavo, Mike Hawthorn em nono e Maurice Trintignant em décimo. Harry Schell conseguiu o nono tempo com o Ferrari #4 de Maurice, que ainda queixava-se de uma das pernas e era duvida, mas o veterano francês acabou por correr e Schell ficou de fora – assim como Claes e Taruffi que não marcaram tempos.

Um passeio para a Mercedes em Spa-Francorchamps

Por mais que a pole de Castellotti tenha sido espetacular, o jovem italiano nada pode fazer quando os carros partiram para as 36 voltas do GP da Bélgica. As duas Mercedes o atacaram já após o baixar da bandeira e Fangio era o líder quando subiram a colina rumo a Raidillion e logo em seguida Moss foi para o segundo lugar. Pode-se dizer que a corrida ali já estava decidida.

Castellotti ainda sustentou a terceira posição por algumas voltas, até mesmo aguentando assédio de Kling que logo em seguida perderia contato com Eugenio e passaria a se preocupar com Farina, que vinha com bom ritmo naquele GP.

O único susto na prova foi a escapada de Jean Behra, que o deixou a pé e acabou pegando o carro de Mieres que foi chamado aos boxes para ceder o Maserati ao francês. A corrida não tinha grandes disputas pelas primeiras posições, já que Fangio abria diferença

O fundo do pelotão que foi formado por Cesare Perdisa (esquerda), Louis Rosier (centro) e Roberto Mieres (direita)

sobre Moss que fazia o mesmo em relação a Castellotti que também tinha uma pequena diferença sobre Farina, mas com um grau maior de perigo por parte do veterano piloto. A única batalha real se encontrava pela quinta e sexta posições que reunia uma trinca formada por Kling, Frère e Musso.

Enquanto que a prova estava se encaminhando sem problemas para as mãos da Mercedes com uma formidável dobradinha feita por Fangio e Moss, separados por quinze segundos, Castellotti acabou perdendo o terceiro lugar para Farina e mais trade acabaria por abandonar por conta de problemas no câmbio encerrando, assim, uma bela jornada do piloto italiano na 17ª volta. Kling e Musso ainda batalhavam fortemente pela quinta posição quando os dois tiveram problemas nos seus respectivos motores, mas o italiano teria melhor sorte ao conseguir levar seu Maserati aos boxes e trocar alguns plugues do sistema elétrico e voltar para a corrida, onde terminaria em sétimo. Kling acabou por abandonar com um sério vazamento de óleo.

Fangio diminuiu o ritmo e até que Moss chegasse com oito segundo sde desvantagem, dando a Mercedes a primeira dobradinha no ano e a primeira desde o famoso GPda França de 1954, que marcou a estreia da equipe com a dobrinha Fangio-Kling. Na terceira posição terminou Farina, naquela que seria a sua última aparição num pódio da Fórmula-1. Paul Frère beneficiou-se dos problemas de Kling e Musso para conseguir um ótimo quarto lugar e mesma sorte foi dada a Behra e Mieres, que ficaram com a quinta posição.

Após os últimos acontecimentos, o GP da Bélgica foi um momento de paz para o motorsport de alto nível naquele momento, mas o automobilismo estava prestes a entrar num período negro.

Resultado Final

Grande Prêmio da Bélgica de 1955 – 4ª Etapa

Circuito de Spa-Francorchamps – 5 de junho

Circuito de 14.120 metros – 36 Voltas

 

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