frança 1954 largada

A História dos Grandes Prêmios – França 1954

A prova da França foi palco da estréia da Mercedes na Fórmula-1 e imediatamente a fábrica alemã tomou de assalto o campeonato a partir dali, com uma vitória dominante de Juan Manuel Fangio com o W196

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O grid de largada para o GP francês

A mudança nos regulamentos da Fórmula-1 deu outro cenário para a categoria: pela primeira vez desde 1952 a Ferrari ficara quatro corridas sem vitórias (contando a partir do GP da Itália de 1953), uma situação que era inimaginável até alguns meses antes – mas ainda sim na Argentina e Bélgica a equipe italiana mostrou força, mas por vacilo (Argentina) e falta de confiabilidade (Bélgica), as coisas não saíram da melhor forma. Por outro lado, o piloto a ser batido naquele momento passava a ser Juan Manuel Fangio que havia recuperado a sua forma e eclipsado as duas corridas da temporada que contaram com a presença dos pilotos europeus, uma vez que não se fizeram presentes em Indianápolis. A nova Maserati 250F eram um carro bem mais equilibrado do que a sua antecessora A6GCM e aliado a boa fase de Fangio, facilitava bastante as coisas. Apesar dessa momentânea troca de guardas entres as duas principais equipes italianas nos domínios dos Grandes Prêmios, as coisas mudariam drasticamente a partir daquele GP francês disputado em Reims, em 4 de julho.

Entre os inscritos, a grande novidade

A lista de inscritos mostrava apenas cinco equipes somando um total de 22 inscritos. A Maserati teve o maior contingente com nove carros inscritos, sendo cinco oficiais e quatro particulares – todos usando os novos 250F. Entres os oficiais a principal novidade era a saída de Fangio para a Mercedes, que já se sabia previamente, e a chegada de Alberto Ascari que ainda esperava a Lancia resolver os problemas no D50. O italiano ainda teve a companhia de Onofre Marimon, Luigi Villoresi, Roberto Mieres e Sergio Mantovani; entre os particulares, a Owen Racing inscreveu um para Ken Wharton, a Gilby Engineering para Roy Salvadori, enquanto que Principe Bira e Harry Schell inscreveram carros em seus respectivos nomes. A Ferrari teve cinco carros (modelos 625) inscritos, sendo três oficiais para Jose Froilan Gonzalez, Maurice Trintignant e Mike Hawthorn – Giuseppe Farina já estava de fora por conta de seu acidente na Mille Miglia, falhando seu primeiro GP  desde a abertura do Campeonato Mundial em 1950; os outros dois Ferrari 625 foram inscritos pela Ecurie Rosier e foram pilotados por Louis Rosier e Robert Manzon. A Gordini inscreveu quatro T16 oficiais que ficaram para Jean Behra, Jacques Pollet, Paul Frère e Georges Berger. A HWM teve apenas um carro, inscrito para Lance Macklin. A grande novidade e expec tativa girava em torno da estreia da Mercedes que levou para Reims três W196 com carroceria que cobria as rodas chamada de “Sliptreamed” para aproveitar as longas retas do traçado francês. Juan Manuel Fangio, Karl Kling e o jovem Hans Hermann eram os pilotos para aquela primeira jornada da famosa fábrica alemã. Além da Mercedes e Karl Kling, que faziam sua estréia no campeonato, Jacques Pollet e a fábrica de pneus Continental, que fornecia para a equipe alemã, também fizeram o seu debut nesta etapa.

Fangio põe a Mercedes na pole

A expectativa de uma superioridade alemã em Reims deu o ar já na qualificação quando Fangio cravou a pole com a marca de 2’29’’4, colocando um segundo de vantagem sobre seu companheiro de Mercedes Karl Kling. Alberto Ascari fez ótimo treino e pôs a Maserati em terceiro com um tempo 1’’1 mais lento que Fangio – se levar em conta a ideia de que poderia ser um massacre desde os treinos, a marca de Ascari foi ótima. Froilan Gonzalez fez uma bela marca, fechando em quarto com 1’’2 pior que o tempo de seu conterrâneo. Onofre Marimon fez o quinto tempo com 2’’2 segundos de atraso, enquanto que Principe Bira assinou o sexto lugar com mais de cinco segundos de desvantagem para Fangio. O terceiro Mercedes de Hans Hermann aparecia apenas em sétimo com 5’’9 segundos pior que o tempo do primeiro Mercedes. Mike Hawthorn – vencedor da etapa do ano anterior –, Maurice Trintignant e Roy Salvadori completaram os dez primeiros.

Domínio confirmado

fangio kling mercedes reims 1954

A chegada de Fangio e Kling, marcando a primeira conquista da Mercedes e dobradinha na Fórmula-1

A corrida não foi nada mais que um passeio da Mercedes. Tanto Fangio quanto Kling conseguiram uma ótima saída, mantendo os dois W1196 lado a lado na reta de largada de Reims afim de não dar chances para quem quisessem ameaçá-los naquele inicio. Ascari não teve uma melhor largada e despencou na liderança enquanto que Gonzalez assumia o terceiro posto. O então bicampeão acabou abandonando a corrida ainda naquela volta inicial quando o motor da sua Maserati 250F estourou. Não era um bom início de campeonato para o homem que havia dominado a Fórmula-1 por completo nos dois últimos anos.

Gonzalez conseguiu por um tempo andar próximo das Mercedes, mas o esforço para tal teve seu preço quando o motor de sua Ferrari estourou na 13ª volta. Voltas antes ele havia duelado com Hans Hermann pela terceira posição aonde o piloto alemão chegou ultrapassá-lo numa das curvas, mas acabou dando o troco em seguida. Hermann assumia o terceiro lugar momentaneamente, mas também abandonaria a prova com motor estourado na passagem dezesseis – ainda sim conseguira fazer a melhor marca da corrida na 3ª volta. Enquanto que os rivais tinham problemas, Fangio e Kling continuavam a andar próximos e se alternar na liderança em algumas oportunidades.

Se a corrida foi fria em emoções, os problemas mecânicos foram aos montes. Foram quinze abandonos, todos por problemas mecânicos e nove sendo por falhas nos motores. A Ferrari, além de Gonzalez, ainda perdeu Hawthorn e Trintignant pelo mesmo problema que tirou o argentino de combate. Quem salvou a honra da marca italiana foi Robert Manzon, que ganhou o terceiro lugar quando Principe Bira ficou sem combustível na última volta. O tailandês ainda conseguiu assegurar o quarto lugar por conta das voltas de vantagem que ainda tinha sobre o quinto colocado Luigi Villoresi. Sobre as duas dominantes Mercedes, Fangio reassumiu a liderança na volta final para passar na linha de chegada e vencer o GP francês, tendo Kling ao seu lado por mísero um décimo numa chegada lado a lado orquestrada pelo lendário chefe de equipe Alfred Neubauer. A Mercedes tinha chegado para mudar bem o panorama das corridas do Campeonato Mundial.

A conquista da Mercedes quebrou a invencibilidade italiana na Fórmula-1, já que estes haviam ganho todas a corridas oficiais desde a criação do Campeonato Mundial – excetuando a Indy 500. Para a Continental foi também a primeira conquista. O GP francês foi disputado no mesmo dia da final da Copa do Mundo realizada na Suíça.

A vitória de Fangio em Reims e mais os azares de seus rivais mais próximos, o deixaram numa liderança isolada e folgada já que agora somava 25 pontos; Maurice Trintignant era o segundo com 9 pontos; Bill Vukovich o terceiro com 8; Jose Froilan Gonzalez o quarto com 6,5; Giuseppe Farina o quinto com 6.

Resultado Final

Grande Prêmio da França de 1954 – 4ª Etapa

Circuito de Reims – 4 de Julho – 61 Voltas

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