A História dos Grandes Prêmios – Holanda 1955
A Mercedes não teve adversários em Zandvoort, onde foi realizado o Grande Prêmio da Holanda. Juan Manuel venceu, seguido por Stirling Moss e Luigi Musso.
O automobilismo não era uma modalidade feliz naquele período de 1955: não bastassem os acidentes fatais de Alberto Ascari (testando um carro sport da Ferrari em Monza) e de Manny Ayulo nos treinos para a 500 Milhas de Indinápolis e Bill Vukovich durante a grande prova estadunidense, as corridas sofreriam um revés ainda pior quando foi realizada as 24 Horas de Le Mans nos dias 11 e 12 de junho. O acidente causado pelo voo do Mercedes 300 SLR DE Pierre Levegh, após colidir na traseira do Austin Healey de Lance McKlin na entrada da reta dos boxes causando a decolagem que destruiria em seguida seu carro, lançando inúmeras peças em direção ao público matando em torno de 84 pessoas (inclusive o próprio Levegh) – segundos informações não oficiais, este número passaria de cem – e ferindo outras 120 – que também chegaria a 180 feridos, segundo informações não oficiais – causou efeito dominó no mundo automobilístico quando alguns países como a própria França, Alemanha e Suíça proibiram corridas em seus territórios naquele ano – esta última estendendo a proibição de competições automobilísticas por várias décadas. A Fórmula-1 viu seu calendário ser reduzido com o cancelamento dos GPs da Suíça, Alemanha e Espanha, somando um total de sete corridas e com a realização do GP da Holanda logo na semana seguinte a tragédia, significava que restariam apenas dois GPs a serem feitos: Grã-Bretanha e Itália.
Os inscritos para o GP da Holanda
A Lancia acabou desistidno da Fórmula-1 após o GP da Bélgica. Nem mesmo o florescente talento de Eugenio Castellotti foi levado em conta para que a equipe italiana continuasse na categoria. Não apenas os problemas financeiros que já assolavam a equipe, mas morte de Alberto Ascari acabou sendo a gota d’água para que se retirassem. Gianni Lancia acabou passando para a Ferrari toda estrutura da equipe, assim como os três D-50. Um grande presente para Enzo Ferrari que não andava muito bem das pernas com seus modelos 555 e 625. Falando na equipe italiana, estes levaram três modelos 555 para Zandvoort que foram conduzidos por Maurice Trintignant, Mike Hawthorn – que retornava à equipe italiana após sua breve passagem (sem sucesso) na Vanwall, onde a baixa competitividade do carro inglês e também confiabilidade deixavam a desejar – e Eugenio Castellotti, que estreava na equipe após a desistência da Lancia; um Ferrari 625 da Ecurie Belge ficou sob os cuidados de Johnny Claes. A Mercedes levou quatro W196 de duas especificações (chassi longo e curto) que foram usados por Juan Manuel Fangio, Stirling Moss e Karl Kling – sendo que nos treinos, Fangio e Kling usaram os de chassi curto enquanto que Moss ficou com o de chassi longo.
A Maserati contou com seis carros (todos 250F), sendo três oficiais e outros três particulares: os oficiais foram conduzidos por Jean Behra – que ainda se recuperava do acidente durante o final de semana em Le Mans – Roberto Mieres e Luigi Musso; entres os particulares a Stirling Moss Ldt. inscreveu um 250F para Peter Walker; Louis Rosier pilotou um 250F na sua equipe Ecurie Rosier; e Horace Gould inscreveu um 250F em nome da sua equipe Garage Gould – carro que pertencia a Principe Bira. A Gordini levou três carros, sendo dois T16 para Robert Manzon e Hermano da Silva Ramos – o piloto franco-brasileiro fazia sua estreia na categoria em substituição a Elie Bayol, que havia se acidentado em Le Mans – e um T32 que foi pilotado por Jacques Polet.
Sem chances dar chances para os rivais, Fangio é o pole
A qualificação para a Mercedes não foi das mais difíceis, ao colocar seus três carros na três primeiras posições com Fangio cravando a pole em 1’40’’0, quatro décimos mais veloz que Moss que terminou em segundo e 1’’1 segundos melhor que Kling, o terceiro.
Luigi Musso foi o melhor do resto ao fazer o quarto tempo – 1’’2 segundos pior que Fangio – seguido por uma leva de carros da Ferrari e Maserati formada por Hawthorn, Behra, Mieres, Trintignant, Castellotti e Walker que fechava os dez primeiros.
Passeio da Mercedes em Zandvoort
O treino de classificação foi apenas uma amostra grátis do que seria o GP holandês: sem uma grande oposição, a Mercedes não teve grande trabalho nesta corrida. Apenas Luigi Musso é que tentou algo quando conseguiu sair melhor que os Mercedes de Moss e Kling para ocupar o segundo lugar por uma volta meia, mas sem nunca dar combate a Fangio que conseguira ter uma melhor partida e distanciar-se com facilidade. Moss conseguiu se desvencilhar do Ferrari de Musso para, enfim, conseguir seguir os passos do argentino e tentar alguma coisa contra o bicampeão.
A corrida já estava decidida desde ali, com Fangio mantendo uma boa distância para Moss mesmo quando o jovem inglês conseguia descontar um pouco do tempo. Mesmo sem ter ritmo suficiente para atacar as Mercedes, Musso se mantinha em terceiro com bom ritmo que o deixava ainda “próximo” dos prateados por um bom tempo – já que todos, da quarta posição para baixo, haviam tomado voltas dos dois ponteiros.
Enquanto que Fangio e Moss duelavam pelo circuito holandês, Kling abandonava com problemas. Um pouco depois a chuva se fez presente na corrida, mas isso não significou que ambos Mercedes abrandassem o ritmo ao continuarem a andar forte. Conseguiram abrir boa vantagem para Musso, que acabaria por descontar um pouco assim que a chuva cessou a pista começou a secar. Porém, não tinha muito que o pobre italiano pudesse fazer frente as Mercedes de Fangio e Moss.
A equipe alemã conquistava sua segunda dobradinha com Fangio em primeiro e Moss em segundo, seguido por Luigi Musso em terceiro. A quarta colocação foi de Roberto Mieres, que ainda marcou a melhor volta da prova e a quinta para Eugenio Castellotti com a Ferrari.
O campeonato mostrava Fangio em primeiro com 27 pontos; Moss em segundo com 13; Trintignant em terceiro com 11; Farina em quarto com 10; Bob Sweikert e Eugenio Castellotti empatados com oito pontos na quinta colocação.