A História dos Grandes Prêmios – Itália 1953

Última corrida do campeonato e nem por isso menos emocionante. A batalha entres os três campeões mundiais Giuseppe Farina, Juan Manuel Fangio e Alberto Ascari foi o ponto alto de uma corrida frenética em Monza, que foi decidido à favor do argentino na última volta.

Juan Manuel Fangio venceu a batalha contra as Ferrari de Ascari e Farina para vencer seu primeiro GP na temporada, algo que ele não conquistava desde o GP da Espanha de 1951

Com o campeonato já decidido, o que esperar do GP da Itália, o derradeiro da temporada de 1953? Inicialmente aquele não seria o GP final, sendo que a cortesia ficaria para a Espanha, mas acabou por ser cancelado. Assim, a exemplo como acontecera em 1950 e 1952, o campeonato teve seu encerramento em Monza. Um clima altamente festivo para saudar o novo bicampeão do mundo Alberto Ascari, assim como Ferrari e Maserati que vinham duelando desde 1952. Era um momento importante para exaltar o poderio do motorsport italiano, até então invicto naquele jovem campeonato mundial – as equipe italianas haviam vencido todas as provas desde 1950, exceto a Indy 500 que era praticamente zero a ingressão de alguma equipe da Europa na grande prova americana.

Houve uma certa apreensão quando boatos indicavam que Enzo Ferrari não levaria a sua equipe para o GP italiano, mas isso foi dissipado logo que a lista de inscritos foi divulgada. Nela a equipe italiana aumentou seu contingente oficial para seis carros: Umberto Maglioli e Piero Carini juntaram-se aos pilotos regulares Luigi Villoresi, Alberto Ascari, Giuseppe Farina e Mike Hawthorn. A escalação de Maglioli e Carini para este GP foi com a intenção de testar o novo Ferrari 553 já visando a nova regulamentação que entraria em vigor a partir de 1954, mas os dois carros foram usados apenas nos treinos – Maglioli e Carini usaram o modelo 500 na corrida. Outro Ferrari 500 foi destinado a Louis Rosier com a sua equipe Ecurie Rosier. A HWM levou três modelos 53 para Lance Macklin, Yves Giraud-Cabantous e John Fitch. Connaught teve 4 carros Type A para Jack Fairman, Roy Salvador, Kenneth McAlpine e Johnny Claes. A Cooper levou apenas um modelo T23 para Stirling Moss, mas a fábrica inglesa contou com mais dois T23 de modo particular inscritos por Ken Wharton e pela Anglaise Team, que foi pilotado por Alan Brown. A OSCA teve dois modelos 20, um oficial para Élie Bayol e o particular de Louis Chiron. A Gordini inscreveu três Type 16 para Maurice Trintignant, Harry Schell e Roberto Mières. A AFM teve apenas o carro inscrito por Hans Stuck. Já a Maserati não contou novamente com José Froilan Gonzalez que ainda se recuperava do seu acidente em Portugal e com isso a equipe italiana convocou Sergio Mantovani para substituí-lo, formando assim o quarteto com Juan Manuel Fangio, Felice Bonetto e Onofre Marimon. Além dos quatro Maserati, outros três modelos A6GCM ficaram por conta dos particulares: além do fiel Manuel De Granfferied, a Scuderia Milano inscreveu dois para Chico Landi e Principe Bira.

Ascari é o pole para a última etapa

Apesar de mais uma disputa ferrenha pela pole entre Ascari e Fangio, o bicampeão acabou por levar a melhor ao cravar a pole com a marca de 2’02″7 contra 2’03″2 de Fangio. Na terceira colocação aparecia Giuseppe Farina, seguido por Onofre Marimon, Luigi Villoresi, Mike Hawthorn, Felice Bonetto, Maurice Trintignant, Emmanuel De Graffenried e Stirling Moss, que fechou os dez melhores ao conseguir superar a Ferrari de Umberto Maglioli e o Maserati de Sergio Mantovani.

Um duelo espetacular e vitória para Fangio

A primeira fila para o GP da Itália: Alberto Asacri #4, Juan Manuel Fangio #50 e Giuseppe Farina #6, exatamente os três primeiros campeões da então jovem Fórmula 1

Não há como negar que a corrida de Reims tenha sido a mais espetacular até então e merecidamente intitulada de a “Corrida do Século” devido a sensacional disputa que foi entregue por Mike Hawthorn e Juan Manuel Fangio, porém aquele GP da Itália daria aos presentes no autódromo de Monza um espetáculo tão intenso quanto aquele da França.

Fangio teve uma má largada, o que deixou Ascari, Farina e Marimon a frente naquela primeira volta que seria liderada por Onofre quando completaram a primeira passagem.  Mas assim que a corrida passou a transcorrer normalmente, Fangio juntou-se a Marimon, Ascari e Farina para montar um quarteto fortíssimo que ficou trocando de posições por quase toda a prova.

Para Onofre Marimon, que vinha numa bela corrida e estava no mesmo ritmo dos três campeões mundiais, as suas chances foram por água abaixo assim que uma pedra furou o radiador de seu Maserati e o fez ir aos boxes, perdendo quatro voltas. Isso significava que Fangio agora estava a lutar contra as duas Ferrari, mas ele acabou por ganhar um forte aliado quando o próprio Marimon retornou à pista exatamente junto dos três lideres.  Mais atrás, num duelo pelo quarto lugar, Mike Hawthorn e Luigi Villoresi travavam uma batalha

A corrida encaminhava-se para a sua última volta. Até aquele momento, as várias trocas de liderança entre as Ferrari de Ascari e Farina contra a Maserati de Fangio, tinham dado o tom de uma corrida espetacular e que até aquele momento não indicava quem poderia sair vitorioso, visto que a guerra de vácuo entre eles – e o retardatário Onofre Marimon – dava chance a qualquer um dos três campeões mundiais  de vencer em Monza.  Quando se aproximavam da Parabolica, Ascari liderava o trio, mas acabou escorregando numa mancha de óleo e saiu da pista. Farina que vinha logo em seguida, desviou para a grama afim de evitar o choque com Alberto, mas o bicampeão não escapou ileso após ser acertado por Marimon que também havia escapado – e assim decretou o fim de corrida para Alberto Ascari, que ficara furioso com Onofre Marimon. Juan Manuel Fangio escapou de todo rebuliço e assumiu a liderança, mas acabou tendo que fazer mais uma volta por que o diretor de prova não deu a quadriculada. Dessa forma, Fangio e Farina tiveram que fazer mais uma volta para enfim receberem a quadriculada. Para Fangio foi a sua primeira vitória desde o GP da Espanha de 1951, cuja corrida onde conquistou seu primeiro título. A Maserati voltava a vencer uma corrida no mundial, sendo que a última tinha sido exatamente em Monza um ano antes com Jose Froilan Gonzalez. Completaram os cinco primeiros Luigi Villoresi, Mike Hawthorn e Maurice Trintignant.

Esse GP italiano marcou a ultima aparição para alguns pilotos no campeonato mundial: Yves Giraud-Cabantous e Hans Stuck não apareceram mais nas corridas oficiais, enquanto que Felice Bonetto, que não terminara a corrida em Monza por falta de gasolina em seu Maserati, acabou por falecer durante a Carrera Panamericana no mês de novembro após bater num poste. Bonetto tinha 50 anos.

O campeonato mundial terminou com Alberto Ascari atingindo a marca de 34,5 pontos (46,5 sem descartes); com Juan Manuel Fangio em segundo marcando 28 pontos ( 29,5 sem descartes); em terceiro aparece Giuseppe Farina com 26 pontos (32 sem descartes); em quarto Mike Hawthorn com 19 pontos (27 sem descartes) e na quinta posição Luigi Villoresi com total de 17 pontos.

O GP da Itália marcou o fim da era do regulamento de Fórmula 2 que regiu o mundial nos anos de 1952 e 1953. E podemos dizer, também, que marcou o fim da Era Dourada do automobilismo italiano na Fórmula-1.

Resultado Final

Grande Prêmio da Itália de 1953 – 9ª Etapa

Autodromo Nazionale di Monza – 13 de Setembro – 80 Voltas

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