A História dos Grandes Prêmios – Itália 1955
O circuito de Monza recebeu grande reforma, dando a pista 10.000 metros no combinado entre o circuito e o anel extreno. Foi uma situação perfeita para a Mercedes desfilar pelo circuito italiano e garantir mais uma vitória com Juan Manuel Fangio. E também a última da fábrica na F1.
Foram quase dois meses sem Grandes Prêmios, exatamente pelos cancelamentos dos GPs da Alemanha e Suíça. Porém, algumas provas extra oficiais acabaram ganhando certa importância nesse período: em 30 de julho foi realizado o “London Trophy” em Crystal Palace, que foi vencido por Mike Hawthorn com um Maserati 250F; em 6 de agosto, na pista escocesa de Chaterhall, foi realizada a “Daily Record Trophy” que foi vencida por Bob Gerard com um Maserati 250F; em 13 de agosto aconteceu o “Redx Trophy” em Snetterton e foi vencida por Harry Schell com o Vanwall VW2; em 3 de setembro, em Aintree, o “Daily Telegraph Trophy” foi vencido por Roy Salvadori com um Maserati 250F. Para a Maserati foi uma grande jornada da fabricante nestas provas extra-campeonato, tendo vencido um total de dez corridas contra duas da Lancia, duas da Connaught e duas da Vanwall.
Em relação ao GP da Itália, as reformas na pista de Monza revelaram um novo desafio para os pilotos e equipes: a junção do circuito tradicional com o reformulado anel externo elevava o tamanho do percurso para 10km. A grande novidade ficava em relação a bancada do oval que levava para a reta principal, onde a inclinação era extremamente alta e a sua pavimentação foi feita de cimento. Era a recuperação de uma parte da grande história do circuito italiano justamente para um momento especial da categoria naquele momento.
Os Inscritos
Um total de 23 pilotos foram inscritos para aquele GP italiano. A Ferrari formou um verdadeiro esquadrão de seis carros para aquele GP de casa, mas pelo simples fato de, pela primeira vez, colocar os aquela corrida: dois deles ficaram a cargo de Giuseppe Farina e Luigi Villoresi – que conhecia bem o carro, afinal era um dos pilotos oficiais da equipe Lancia antes que essa falisse; os outros quatro carros eram os modelos 555 que ficaram para Eugenio Castellotti, Mike Hawthorn, Maurice Trintignant e Umberto Maglioli. Ainda sem
confirmar se encerrariam suas atividades ou não, a Mercedes foi para este derradeiro GP com quatro carros sendo dois modelos de rodas cobertas – Type Monza – e dois com rodas descobertas para o agora tricampeão Juan Manuel Fangio, Stirling Moss, Karl Kling e Piero Taruffi. A Gordini, enfim, estreava o seu novo T32 de oito cilindros em linha, mas apenas com Jean Lucas ao volante. Outros dois T16 ficaram para Hermano Da Silva Ramos e Jacques Pollet.
A Maserati teve um total de sete 250F para esta prova, sendo seis oficiais que ficaram para Jean Behra, Roberto Mieres, Luigi Musso, Peter Collins, Carlos Menditeguy e Horace Gould. O sétimo carro ficou por conta da Stirling Moss LTD, que alinhou um 250F para John Fitch. Com um motor Maserati 4CLT L4 a Arzani Volpini alinhou um carro de mesmo nome para Luigi Piotti. A Vanderwell fechou a lista de inscritos com dois modelos VW55 para Ken Wharton e Harry Schell.
Mercedes domina a primeira fila em Monza
Antes que houvesse os treinos oficiais, um treino de ambientação foi permitido na quinta-feira onde alguns problemas de desgaste de pneus foi verificado, especialmente nos Lancia sendo que o de Farina acabou por sair da pista e bater, mas sem consequências para o campeão de 1950.
As posições de largada foram decididas praticamente na sexta-feira quando Fangio fez a melhor marca de 2’46’’5 contra 2’46’’8 de Moss, que melhorara seu tempo apenas no sábado a tarde para ocupar o segundo lugar no grid que ainda contava com Karl Kling fechando a trinca da Mercedes na primeira fila com o tempo de 2’48’’3. Fangio e Moss faziam uso do chassi de rodas cobertas, enquanto que Kling e Taruffi – que fizera o nono tempo – ficaram com os convencionais de rodas expostas.
Eugenio Castellotti e Giuseppe Farina – que utilizou o Lancia na qualificação – ocupavam a quart e quinta colocações seguidos por Jean Behra – que utilizou um chassi com rodas quase que cobertas durante os treinos livres, mas acabou voltando para o carro convencional na classificação – Roberto Mieres, Luigi Villoresi, Taruffi e Musso, completando os dez primeiros. A Ferrari acabou retirando os Lancia D50 de combate devido os problemas de pneus que este carro apresentou em Monza. Deste modo, Farina e Villoresi não largaram.
E a Mercedes encerra na frente
Apesar de um boa largada de Moss e Kling, Fangio retomou o comando ainda na primeira volta para liderar uma formação 1-2-3-4 da Mercedes em Monza, enquanto que Eugenio Castellotti tentava acompanhar o passo dos quatro Mercedes.
Apesar da dianteira não existir nenhuma batalha – mesmo existindo uma pequena distância que separava os quatro Mercedes -, o meio do pelotão reservava uma boa disputa entre Schell, Maglioli, Trintignant, Silva Ramos e Pollet que estavam e grande disputa entre as posições 11 até a 15. Mas esta batalha acabou custando caro para Schell, que teve problemas de suspensão e retirar o Vanwall da prova. Musso teve uma ótima progressão na corrida ao superar Hawthorn, Mieres e Behra até partir para o ataque contra Castellotti, oferecendo a torcida italiana uma bela disputa entre os dois jovens promissores.
Apesar de uma breve liderança na oitava volta, Moss estava em segundo quando uma pedra jogando-o para o pelotão intermediário. Mesmo conseguindo avançar até o sexto lugar, o motor do Mercedes falhou e o inglês teve que abandonar na volta 28. Um pouco antes disso, Musso havia ultrapassado Castellotti e agora ocupava a quarta posição.
A corrida passou a ser uma situação de grande teste mecânico para os carros, principalmente o câmbio, que sofreu bastante com as fortes trepidações da bancada alta do anel externo – isso foi um dos fatores que contribuíram para os problemas de pneus e rodas nos Lancia D50. Kling, Musso e Hawthorn foram alguns dos pilotos que abandonaram por problemas na caixa de câmbio. Um total de onze abandonos e todos por problemas mecânicos.
Juan Manuel Fangio passou para vencer o GP da Itália, seguido por Piero Taruffi – que foi fortemente aplaudido pela torcida – Eugenio Castellotti completando o pódio. Jean Behra e Carlos Menditeguy completaram as posições pontuáveis. Umberto Maglioli, Roberto Mieres, Maurice Trintignant e John Fitch, completaram os nove pilotos que chegaram ao fim da extenuante prova em Monza. Para Fangio, além da vitória, ainda lhe rendeu algumas dores no corpo por causa dos solavancos que sofreu durante o percurso.
O campeonato terminou com Fangio somando 41 pontos (40 válidos); Moss ficou em segundo com 23; Castellotti em terceiro com 12; Trintignant em quarto com 11; e Farina em quinto com 10 pontos.
Esta prova tornaria-se a última da Mercedes na Fórmula-1 quando a fábrica alemã anunciou a sua retirada das competições após as duas vitórias da marca em Dundrod e na Targa Florio, provas válidas pelo Mundial de Carros Sport que foi vencida pela própria Mercedes. Demoraria 55 anos para que eles retornassem como equipe para a Fórmula-1.
Foi o fim de uma curta era de sucesso, neste que foi o retorno da Mercedes as competições. Restará, apenas, a imaginação do que teria sido se eles tivessem continuado no Campeonato Mundial por mais tempo.