Circuitos: Mosport

Primeiro circuito permanente no Canadá, Mosport teve ajuda de Stirling Moss no traçado e viu uma inovação estrear em sua pista.

Ficha técnica
Nome do circuito: Canadian Tire Motorsport Park
Comprimento da pista: 3,957 km
Número de voltas: 80
Distância total: 316,560 km
Recorde da pista: 1:13.299, Mario Andretti (1977)
Primeira corrida na F1: 1967

A história de Mosport começou em 1958, quando o British Empire Motor Club (BEMC) criou um comitê para avaliar a compra de um terreno para a construção de um circuito permanente no país. O local escolhido foi uma fazenda de 180 hectares perto da cidade de Bowmanville, cerca de 90 km da cidade de Toronto.
Depois de comprar o terreno, a BEMC viu que era necessária uma empresa para gerenciar as obras e o circuito depois de pronto. Foi criada então a Motorsport Limited, que contraindo virou Mosport, nome que acabou batizando o circuito.
Em 1960, o terreno vinha sendo preparado para receber a pista, inclusive nivelando alguns morros que existiam no local. De visita a Toronto, Stirling Moss recebeu a planta do traçado feito por Alan Bunting e deu uma sugestão para a curva 5, alternando para uma curva de 90° para a direita, antes de virar para a direita novamente e cair na reta oposta. A sugestão foi aceita e as curvas 5A e 5B foram batizadas de Curvas Moss por conta disso.

Traçado de Mosport, que tem curva dedicada à Stirling Moss, depois que o piloto inglês deu sugestões de como melhorar a pista.

As obras continuaram até maio de 1961, depois de muitos atrasos por conta do clima. Para inaugurar a pista, foram organizadas pequenas corridas do Oakville Trafalgar Light Car Club. Em junho, a prova de carros esportivos Player’s 200 marcou a primeira corrida internacional realizada no circuito e foi vencida justamente por Stirling Moss.

Cartaz da Player’s 200, vencida pelo próprio Moss em 1961. Esta foi a corrida internacional no circuito de Mosport Park.

Nos primeiros anos do circuito, as competições de Stock Car e Can-Am eram os destaques. Porém, os custos da construção do circuito, que foram o dobro do inicialmente planejado, colocaram Mosport em uma difícil condição financeira e o circuito foi colocado à venda em 1966. A pista foi comprada pela Cantrack Motor Racing Ltd, empresa de Bernard J. Kamin e Harvey M. Hudes, que permaneceu na direção do circuito até sua morte em 1996.
A troca de direção trouxe muito sucesso para a pista, que chegou a sediar cinco eventos internacionais em um ano. O mais importante deles aconteceu no dia 27 de agosto de 1967, quando foi realizado o 1º GP do Canadá. A corrida foi vencida por Jack Brabham, diante de um público de 58 mil pessoas. E quase que o australiano nem disputa a corrida. No caminho para o circuito, o piloto ficou preso em um engarrafamento e resolveu pedir carona para uma ambulância que passava pelo local para conseguir chegar a tempo. Com isso, Brabham chegou em grande estilo para fazer a dobradinha com Denny Hulme, seu companheiro de equipe. 

 

Jack Brabham recebe a bandeirada para vencer o 1º GP do Canadá, em 1967, correndo por sua própria equipe.

A primeira corrida de F1 em solo canadense contou com dois pilotos da casa, mas que não fizeram a alegria da torcida. Eppie Wietzes foi desclassificado por ter sido empurrado na largada e Al Pease nem se classificou para a prova. 

Nos anos seguintes, Mosport passou a revezar a realização da prova com o circuito de Mont-Tremblant, que ficava no Estado de Quebec. Quando a pista rival passou por dificuldades financeiras, Mosport assumiu o posto de circuito oficial para a prova canadense.

A pista também presenciou uma inovação em 1973, quando o Safety Car foi usado pela primeira vez na F1. Essa inovação veio depois da marcante morte de Roger Williamson, no circuito de Zandvoort, alguns meses antes. No acidente, Williamson ficou preso quando seu carro acabou de cabeça para baixo. Quando um incêndio começou, o piloto David Purley parou e tentou desvirar o carro para ajudar o amigo. Com apenas um extintor e fiscais de pistas que não contavam com roupas anti-chamas, ninguém conseguiu chegar perto do carro o suficiente para salvar Williamson. A direção de prova, vendo Purley andando na pista, achou que não havia ninguém no carro em chamas e demorou para acionar os bombeiros. Enquanto isso acontecia, a prova continuava normalmente, apesar dos pedidos de Purley para que seus colegas parassem a corrida. 

O safety car foi usado pela primeira vez em 1973. Entrando na hora errada, atrapalhou a contagem das voltas.

Para dar mais segurança em casos de acidentes, o safety car entraria na pista para ditar o ritmo da corrida. A novidade, no entanto, acabou gerando uma trapalhada na prova. No momento do acionamento, muitos pilotos estavam fazendo suas paradas nos boxes, que na época demoravam muito tempo. Com isso, a ordem dos pilotos foi completamente alterada. Quando Jody Scheckter e Francois Cevert se bateram, Peter Mackintosh, que era o braço direito de Bernie Ecclestone e estava de co-piloto no safety car, deu a ordem para que o piloto canadense Eppie Wietzes entrasse na pista. O problema é que o carro de segurança não entrou na frente do líder. Isso atrapalhou a contagem das voltas e foi apenas depois da corrida que Peter Revson foi declarado o vencedor oficial, resultado que ainda é muito contestado por alguns pilotos que participaram da prova. 

Eppie Wietzes chegou a participar duas corridas de F1 no Canadá, mas ficou marcado pela trapalhada na estreia do safety car.

O circuito começou a perder força no cenário internacional por conta dos graves acidentes que aconteceram em sua pista. Em 1965, John Surtees bateu forte depois de sofrer um quebra de suspensão, com o piloto saindo com diversas fraturas. Em 1977, Ian Ashley sofreu um grave acidente durante os treinos, que acabaram com sua carreira na F1. 

Ian Ashley levou 45 minutos para ser retirado do carro, depois de capotar nos treinos para o GP do Canadá de 1977. O piloto teve múltiplas fraturas nas duas pernas e no punho. Ashley ainda tentou participar de uma corrida no ano seguinte, mas não foi liberado pelos médicos, desistindo da carreira na F1.

O circuito de Mosport foi considerado inadequado para os novos carros da F1 e 1977 foi o último ano em que a F1 disputou uma corrida nessa pista, passando a realizar suas provas no circuito Gilles Villeneuve, em Montreal. E tudo ficou pior com a morte de Manfred Winkelhock, em 1985, durante a prova Mil Quilômetros de Mosport. O piloto alemão, que planejava deixar a F1 e correr de protótipos, perdeu o controle do carro e bateu de frente em uma barreira de concreto. Wilkelhock sofreu sérias lesões cerebrais e faleceu no hospital no dia seguinte.

Destroços do carro de Manfred Winkelhock depois da batida contra um muro de concreto. O piloto não resistiu às lesões e faleceu no dia seguinte.

Depois da morte do presidente e administrador do circuito, Harvey M. Hudes em 1996, a pista passou a ser gerenciada por seu sócio, Bernard J. Kamin, que alugou o circuito para a International Motorsports Group (IMSG), que por sua vez, emprestou a pista para Don Panoz, que foi o fundador da American Le Mans e também é dono dos circuitos de Road Atlanta e Sebring. Em 1998, Mosport foi comprada de vez por Panoz.
Sob nova direção, o circuito passou por uma reforma. Em 1999, o pit lane foi aumentado e sua saída foi modificada. Nesse mesmo ano, as áreas de escape das curvas 2, 4 e 5 foram aumentadas. No ano seguinte, a pista foi reasfaltada. As reformas não pararam por aí. Mosport ganhou uma pista de kart e um circuito oval de meia milha, inaugurados em 1989.
Em 2011, o circuito trocou novamente de mãos, sendo comprada por uma empresa fundada pelo piloto Ron Fellows, em sociedade com os empresários Alan Boughtin e Carlo Fidani. Novas reformas foram feitas e com novos donos, o circuito também mudou de nome, passando a se chamar Canadian Tire Motorsport Park. Atualmente, o circuito recebe categorias como a Sportscars e a Superbikes, além de campeonatos de kart. 

Das oito corridas de F1 disputadas no circuito, Jackie Stewart venceu duas, sendo o maior vencedor na pista canadense. Entre os brasileiros, Emerson Fittipaldi é o único que venceu no circuito, conseguindo dois pódios no total. 

Entre os pilotos da casa, seis canadenses já correram em Mosport: Eppie Wietzes, Al Pease, Bill Brack, John Cordts, George Eaton e Gilles Villeneuve, com Eaton conseguindo o melhor resultado, ao terminar em 10º a corrida de 1970. 

George Eaton foi o piloto canadense que teve o melhor resultado na pista, ao terminar em 10º em 1970.

 

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