Conheça o mal entendido bizarro que quase fez Farfus e Massa serem presos em estrada italiana

Bicampeão das 24 Horas de Daytona, vencedor da temporada 2003 da Euro Fórmula 3000 e detentor da Copa do Mundo de Gran Turismo de 2018, Augusto Farfus é um dos pilotos brasileiros com mais conquistas na história recente do automobilismo.

Representante da BMW, com a qual venceu as 24 Horas de Nürburgring em 2010, o piloto também foi campeão da Fórmula Renault 2000 Eurocup em 2001, um ano após o compatriota Felipe Massa ter conquistado o título da categoria.

As glórias dos dois pilotos brasileiros no mundo do esporte a motor já são bastante conhecidas, mas o que poucos sabem é que eles moraram juntos, dividiram carro e quase foram presos após um treino na temporada 2000. É o que Farfus revelou durante entrevista.

“O Felipe, como ele é mais velho do que eu, tinha carteira de motorista. E eu não tinha, então o Felipe se tornou o ‘meu motorista’. A gente passou um ano… eu só ia onde o Felipe ia e a equipe comprou, na época, um Audi.”

“A gente, quando veio para a Europa, não tinha dinheiro para comprar carro. Nosso budget (orçamento) era muito limitado, então a gente conseguiu convencer o dono da equipe a comprar esse Audi usado e alugar para nós durante o ano.”

“Gentilmente, ele fez esse negócio. Ele comprou esse Audi 80 e, quando a gente recebeu o carro, ele já tinha 140.000 km. Então o carro já estava ‘para lá de Bagdá’. Mas, para nós, jovens, aventureiros, vindos do Brasil… A gente ganhou um Audi! Era coisa fina”.

Os ‘rolês’ de Audi pela Europa

“A gente andava de Audi na Europa. O carro era 94, então já tinha seus seis ou sete anos de uso e 150.000 km, praticamente. A gente usou esse carro, eu e o Felipe, para tudo, todas as corridas eram com o carro, em todos os treinos a gente ia com o carro.”

“Em uma das viagens, a gente foi treinar em um autódromo no meio da Itália. Voltando, era calor e o Felipe tirou o sapato dirigindo. De repente, eu falo: ‘Pô, Felipe, vou tirar o sapato também’. E me agachei no carro para tirar o sapato. Nessa história, a gente passou uma viatura da polícia.”

“Normal, a polícia estava a 80 km/h e o Felipe passou a 100. E eu, enquanto eu tirava o sapato, fiquei olhando para os caras. E o Felipe, com o cotovelo, fazia assim: ‘Para de olhar, Augusto, para de olhar’. E eu olhando para os caras e tirando o sapato”.

“Quando a gente passa a viatura de polícia, a polícia entra atrás de nós. E o Felipe começa: ‘Está vendo? Te falei para não olhar para a polícia, agora a polícia está atrás de nós’. E nós na maciota. De repente, o cara liga as luzes da sirene.”

“Aí o Felipe sai da frente, o cara passa e a gente volta. E lá eles tem algo que a gente chama de ‘pirulito’, que é uma paletinha para indicar para o cara parar. O cara tira a paletinha para a gente parar. E o Felipe: ‘Tá vendo? Não te falei? A culpa é tua’.”

“Quando a gente para no acostamento, o Felipe falou: ‘Tenho que pôr o sapato, vou tomar multa por dirigir sem sapato’. O Felipe, meio que parando o carro, se abaixando para pôr o sapato, estaciona o carro no acostamento.”

Policiais vs pilotos

“Quando o carro para, os dois policiais ‘pulam’ da viatura com as armas apontadas para Felipe e Augusto. Porque eles acharam que a gente estava escondendo uma arma ou alguma coisa embaixo do banco. Dois caras jovens…”.

“E a polícia gritava: ‘Desçam do carro, mãos para cima’. E o Felipe não sabia se colocava o sapato ou se levantava a mão. Eu falei: ‘Felipe, levanta a mão que os caras vão atirar em nós, cara…’. E os caras muito nervosos. Muito nervosos, gritando muito.”

“O policial bonzinho vai no lado do Felipe. Sempre tem o mau e o bom na história. O mau vai na minha porta. O cara olha para mim e fala: ‘Desce do carro já!’. O cara gritando e apontando a arma para mim. Aí eu desço do carro e o cara: ‘Se encosta no capô’.

“Eu, encostado no capô, e o cara apontando a arma. Ele fala: ‘O que vocês esconderam?’. Eu falei: ‘Nada, nada, a gente é piloto, tem o capacete no porta-malas’. O cara: ‘Mentira, mentira, tira a camiseta!’. Aí eu, no meio da autoestrada, tiro a camiseta.”

“Aí o cara fala assim: ‘Tira o sapato’. Aí eu tiro o sapato. ‘Tira a meia!’. Aí eu tiro a meia. Daqui a pouco o cara vai mandar ‘tira as calças’ e eu vou tirar as calças, porque é o cara com uma pistola apontada para mim, né…”.

E o que fez Massa?

“No meio-tempo, o Felipe, para o outro policial, ele mostrou: título de eleitor, CPF, carteira de piloto, todos os documentos que ele tinha na carteira. Ele mostrou para o cara para querer dizer assim: ‘Meu, nós somos inocentes’. E o cara mau comigo assim: ‘O que vocês esconderam?!?!?’.”

“E o outro policial, numa certa altura, ele se ligou que realmente a gente não tinha nada para esconder. Aí o cara foi no porta-malas e começou a revistar o carro e eu lá sem camiseta e sem sapato no meio da autoestrada, quase pelado.”

“O cara viu que a gente era dois brasileiros e que não tinha nada a ver. Quando o cara se ligou, o cara falou assim: ‘Desculpa’. O policial entrou no carro e foi embora, ficamos eu e o Felipe no meio da autoestrada que nem dois manés, um olhando para a cara do outro, em choque.”

“Aí a gente caiu na risada, porque depois passou, mas todo esse episódio durou sei lá quanto tempo, mas pareceu que durou uma eternidade. O cara querendo atirar em mim e o Felipe mostrando para o outro cara tudo o que tinha de documentos. Até hoje a gente fala e se parte de dar risada dessa famosa história”, completou Farfus, que conquistou seu bicampeonato de Daytona de forma consecutiva em 2019 e 2020. Massa atualmente está na Fórmula E.

Fonte Motorsport

Publicidade:

Deixe uma Resposta