Pilotos campeões: conheça a trajetória de Graham Hill

Norman Graham Hill, mais conhecido como Graham Hill, foi um piloto inglês, nascido em Hampstead, no dia 15 de fevereiro de 1929 e falecido em Arkley, na Inglaterra, em 29 de novembro de 1975.

Graham Hill foi por 2 vezes campeão mundial de Fórmula 1, em 1962 com a equipe BRM e em 1968 com a Lotus, ano em que seu companheiro e grande campeão Jim Clark faleceu.

Hill é, até hoje, o único piloto que ganhou a Tríplice Coroa do automobilismo, que compreende o Grande Prêmio de Mônaco, as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas de Le Mans. Ficou conhecido por Mister Mônaco, por ter vencido a prova 5 vezes, em 1963, 1964, 1965, 1968 e 1969, sendo superado apenas em 1993 por Ayrton Senna. Venceu as 500 Milhas em 1966 e as 24 Horas em 1972, em parceria com o francês Henri Pescarolo.

Hill também foi o primeiro piloto que teve seu filho, Damon, também campeão da Fórmula 1, em 1996. Feito somente igualado em 2016 por Keke e Nico Rosberg.

Vida pré-F1

Hill frequentou o Hendon Technical College e ingressou na Smiths Instruments como engenheiro aprendiz. Ele foi recrutado para a Marinha Real Britânica e serviu como um Artífice da Sala de Máquinas (ERA) no cruzador ligeiro HMS Swiftsure, subindo ao posto de oficial. Depois de deixar a Marinha ele se juntou a Smiths Instruments.

Carreira

Hill não passou no exame de direção até os 24 anos, e ele mesmo descreveu seu primeiro carro como “Um desastre. Um piloto iniciante deve possuir um carro desse tipo, pois ensina delicadeza, equilíbrio e antecipação, principalmente o último.” Ele estava interessado em motocicletas, mas em 1954 ele viu um anúncio para o Universal Motor Racing Club, em Brands Hatch, oferecendo voltas para 5 xelins. Ele fez sua estreia em um carro de Fórmula 3 Cooper 500 e se comprometeu a competir depois disso. Hill juntou-se à equipe Lotus como um mecânico logo depois, mas rapidamente abriu caminho até o cockpit.

Temporada de 1958

A presença da Lotus na Fórmula 1 permitiu-lhe fazer a sua estreia na categoria, justamente onde mais tarde seria o recordista de vitórias, o Grande Prêmio de Mônaco de 1958, abandonando com uma falha de meio-eixo na volta 69. Ainda disputou todos os GPs seguintes, mas foi um começo difícil, tendo abandonado 6 corridas.

Temporada de 1959

O ano de 1959 também não começou promissor, com um abandono logo na primeira corrida. Foi sétimo na Holanda, abandonou em quatro oportunidades, foi nono na Grã-Bretanha e não participou do estreante GP dos Estados Unidos.

Temporada de 1960

Para a sua terceira temporada, deixou a Lotus e se juntou a equipe BRM, onde também não teve o melhor desempenho na sua estreia pela nova equipe, abandonando os GPs da Argentina e de Mônaco. Na próxima etapa, na Holanda, conquistou seus primeiros pontos na carreira com um terceiro lugar e um lugar no pódio. Na corrida seguinte, na Bélgica, foi obrigado a abandonar quando estava em 3º lugar no final da corrida. Esta prova é marcada como o pior final de semana juntamente com o GP de San Marino de 1994, com o grave acidente entre os companheiros de Lotus Stirling Moss e Mike Taylor e as brutais mortes de Alan Stacey, da Lotus e Chris Bristow, da Cooper. Abandonou ainda os quatro GPs que disputou e não correu na Itália.

Temporada de 1961

Em 1961 Hill deu sequência em sua falta de sorte na etapa inaugural no campeonato, abandonando a corrida disputada no principado de Mônaco. Foi oitavo na Holanda, abandonou na Bélgica, conquistou seu primeiro ponto com um sexto lugar na França, faturou mais dois pontos no último Grande Prêmio com um quinto lugar e abandonou três corridas ao longo do ano. Terminou assim com três pontos e a décima sexta colocação no campeonato.

Temporada de 1962

Hill na sua BRM no GP da Alemanha de 1962, ano de seu primeiro título

O ano de 1962 marcou o final do azar nas corridas de abertura em grande estilo, com uma vitória no Grande Prêmio da Holanda. E mais uma vez não foi a vez de ganhar em Mônaco, já que abandonou a corrida quando esta já se encaminhava para o seu final. Subiu no pódio com um segundo lugar na Bélgica, abandonou na França, foi quarto no seu GP caseiro e depois venceu mais três corridas e foi segundo nos Estados Unidos, para assim conquistar o seu primeiro título mundial.

Temporada de 1963

1963 marcou o início do domínio de Graham Hill em Mônaco, onde conquistou sua primeira de suas cinco vitórias logo na abertura do campeonato. Mas este ano era de outro piloto britânico: Jim Clark. Hill ganhou também nos Estados Unidos, mas viu seu rival dominar a temporada vencendo sete corridas, com John Surtees vencendo na Alemanha. Teve que se contentar com o vice-campeonato, empatado com 29 pontos com o americano Richie Ginther e vendo Clark acabar o ano com 54 pontos.

Temporada de 1964

A temporada de 1964 foi marcada pela acirrada disputa entre três pilotos britânicos de três equipes diferentes: John Surtees pela Ferrari, Graham Hill pela BRM e Jim Clark pela Lotus, acabando o campeonato nestas respectivas posições. Hill obteve duas vitórias, sendo uma delas a segunda em Mônaco e viu Surtees vencer também duas e Clark faturar três corridas, levando a disputa do campeonato até a última corrida, no México. Nesta corrida o companheiro de Surtees, o italiano Lorenzo Bandini o deixou passar para assumir o segundo lugar e assim faturar o seu único título na Fórmula 1. Esta corrida foi marcada por uma curiosidade pouco reconhecida: a Ferrari correu de azul e branco, em protesto contra o Automóvel Clube da Itália, e utilizou as cores de seu revendedor nos Estados Unidos, onde seus carros foram inscritos pela North American Racing Team.

Temporada de 1965

A temporada de 1965 foi quase um repeteco de 1963: amplo domínio de Jim Clark com sua Lotus. Hill faturou duas corridas, sendo que conquistou sua terceira corrida nas ruas de Mônaco. Mas viu o escocês levar seis corridas e ter que esperar mais um pouco para comemorar seu segundo título. Este ano ainda contou com outro escocês como grande rival: seu companheiro e futuro tricampeão Jackie Stewart. Stewart que fazia sua temporada de estreia na categoria e já conquistou o terceiro lugar no campeonato. No final Clark ficou com 54 pontos, contra 40 de Hill e 33 de seu compatriota.

Temporada de 1966

Em 1966 Hill não conseguiu repetir os últimos anos e terminou em quinto o campeonato, com 17 pontos, um a mais que Clark e 3 que Stewart, seus rivais um ano antes, inclusive não conseguindo ganhar nenhuma corrida, diferente de seu companheiro Jackie que ganhou na abertura do campeonato mas também não conseguiu fazer muito mais durante o ano. Hill conseguiu alguns pódios, como o segundo lugar na Holanda e o terceiro em Mônaco e na Grã-Bretanha e mais um quarto lugar na Alemanha.

Neste ano Hill se aventurou nos Estados Unidos para a disputa das 500 Milhas de Indianápolis, corrida vencida em 1965 por Jim Clark. Graham Hill liderou um total de apenas 10 voltas, mas ainda assim venceu a corrida que o levou ao segundo degrau da Tríplice Coroa do automobilismo.

Temporada de 1967

Graham Hill e Colin Chapman no GP da Holanda de 1967, ano se sua volta para a equipe

Hill voltou a equipe por qual iniciou sua carreira na Fórmula 1 em 1967: a Lotus, para ser companheiro do bicampeão Jim Clark. Ajudou a desenvolver o Lotus 49 com o novo motor Ford Cosworth V8. Com isso não conseguiu ir além do sexto lugar no campeonato, com 15 pontos. Iniciou o campeonato ainda com o motor BRM, para durante a temporada mudar de fato para a Ford. Abandonou na África do Sul e subiu no pódio com o segundo lugar em Mônaco antes da equipe trocar seu fornecedor de motores. Viu ainda Clark ganhar na estreia da nova parceria, na Holanda e em seu GP caseiro. Conquistou um quarto lugar no Canadá e fez a dobradinha com Clark, este em primeiro, nos Estados Unidos.

Temporada de 1968

A temporada de 1968 iniciou com a Lotus sendo a equipe a ser batida. Já teve um bom crescimento no final de 1967 e Jim Clark mostrou o porquê do favoritismo: venceu a etapa da África do Sul, a abertura do campeonato, sendo o pole-position e fazendo a melhor volta da prova. Hill largou e terminou em segundo a corrida. Só que o destino quis que esta fosse a última apresentação de Clark na F1, pois faleceu em um acidente de Fórmula 2 meses depois.

Hill então passou a liderar a equipe, que também teve a perda de Mike Spence. Se não disputou o título com seu companheiro, o fez com outro escocês e seu ex-companheiro na BRM Jackie Stewart. Ganhou três corridas, sendo a quarta no principado e viu seu rival vencer também três etapas. Conquistou ainda um segundo lugar na Alemanha e nos Estados Unidos e um quarto no Canadá. Finalizou com 48 pontos contra 36 de Stewart e 33 do neozelandês e campeão de 1967 Denny Hulme.

Nesse mesmo ano, ele venceu o GP da Espanha com a Lotus patrocinada pela Gold Leaf, na primeira aparição de um carro estampado por uma empresa tabagista sem vínculo com o meio automobilístico.

Temporada de 1969

Hill na Lotus no GP da Alemanha de 1969

Nesta temporada Hill finalizou seu recorde de 5 vitórias em Mônaco, mas teve uma temporada abaixo do seu talento, ficando em sétimo lugar, com 19 pontos, atrás do seu companheiro e único campeão póstumo, Jochen Rindt, em quarto, com 22 pontos. A Lotus obteve apenas 2 vitórias, uma com cada piloto, sendo que Rindt faturou o GP dos Estados Unidos, o penúltimo da temporada. Hill começou bem a temporada, com um segundo lugar na África do Sul e mais a sua vitória, porém depois disso conseguiu um sexto lugar na França e um quarto na Alemanha.

A Lotus tinha a reputação de ser muito frágil e perigosa na época, especialmente com as novas ajudas aerodinâmicas. Acidentes semelhantes de Hill e Jochen Rindt no Grande Prêmio da Espanha de 1969 contribuíram para a má fama da equipe. Um acidente no Grande Prêmio dos Estados Unidos de 1969, em Watkins Glen, Hill quebrou as duas pernas e interrompeu sua carreira. Normalmente, quando perguntado logo após o acidente, se ele queria passar uma mensagem para sua esposa, Hill respondeu: “Apenas diga a ela que eu não estarei dançando por duas semanas.”

 

Temporadas posteriores

Graham Hill com sua Brabham BT34 na Race of Champions de 1971

Após a recuperação, Hill continuou a correr na F1 por vários anos, mas nunca mais com o mesmo nível de sucesso. Colin Chapman, acreditando que Hill era uma força gasta, colocou-o na equipe de Rob Walker em 1970, suavizando o acordo com um dos novíssimos carros Lotus 72. Embora Hill tenha marcado pontos em 1970, ele começou a temporada longe de estar em forma e os Lotus 72 não estavam totalmente desenvolvidos até o final da temporada. Hill se mudou para Brabham para 1971-1972. Sua última vitória na Fórmula 1 foi no Troféu Internacional, corrida não válida para o campeonato, em Silverstone, 1971, com a “garra de lagosta” Brabham. A equipe estava em meio a mudanças após as aposentadorias de Sir Jack Brabham e a venda de Ron Tauranac para Bernie Ecclestone. Hill não se estabeleceu lá.

Hill foi conhecido durante a última parte de sua carreira por sua inteligência e se tornou uma personalidade popular. Era um convidado regular na televisão e escreveu uma autobiografia notavelmente franca e espirituosa, Life at the Limit, quando se recuperava de seu acidente de 1969.

Hill esteve envolvido em quatro filmes entre 1966 e 1974, incluindo aparições em Grand Prix e Caravan a Vaccarès, nas quais ele apareceu como um piloto de helicóptero.

Embora Hill tenha se concentrado na F1, ele também manteve presença em corridas de carros esportivos ao longo de sua carreira (incluindo duas corridas no carro da turbina a gás Rover-BRM em Le Mans). Com sua carreira de F1 chegando ao fim, ele se tornou parte da equipe de carros esportivos Matra, obtendo a vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1972 com Henri Pescarolo. Esta vitória completou a chamada Triple Crown of Motorsport.

Equipe Própria: Embassy Hill

Hill em 1975, ano de sua morte em um acidente aéreo com integrantes de sua própria equipe

Hill montou sua própria equipe em 1973: Embassy Hill, com patrocínio da Imperial Tobacco. A equipe usou chassis de Shadow e Lola antes de evoluir a Lola em seu próprio projeto em 1975. Depois de não se classificar para o Grande Prêmio de Mônaco de 1975, onde havia vencido cinco vezes, Hill se aposentou de vez para se concentrar na equipe e apoiou sua equipe e seu piloto tido como de grande futuro: Tony Brise.

Graham Hill disputou um total de 176 Grand Prix, recorde que perdurou por mais de uma década até ser igualado por Jacques Laffite, em 1986.

Família

Hill casou com Bette em 1955. Como Hill gastou todo o seu dinheiro em sua carreira de corrida, ela pagou pelo casamento. Eles tiveram duas filhas, Brigitte e Samantha, e um filho, Damon, que mais tarde se tornou campeão mundial de Fórmula 1 – o primeiro filho de um ex-campeão mundial a imitar seu pai.

Morte

Hill morreu em 29 de novembro de 1975 quando pilotava sua própria aeronave, um bimotor Piper PA-23 Aztec, quando caiu perto de Arkley, Hertfordshire, enquanto em uma aproximação noturna de Elstree Airfield em uma névoa espessa. A bordo, estavam outros cinco membros da equipe da Embassy Hill, todos mortos: o gerente Ray Brimble, os mecânicos Tony Alcock e Terry Richards, o piloto Tony Brise e o designer Andy Smallman. Eles estavam voltando de uma sessão de testes de carros no Circuito Paul Ricard, no sul da França.

A investigação subsequente revelou que a aeronave de Hill, originalmente registrada nos EUA como N6645Y, havia sido removida do registro da FAA e no momento do acidente era “sem registro e sem estado”, apesar de ainda exibir suas marcas originais. Além disso, a certificação de piloto americano da FAA de Hill havia expirado, assim como a classificação do instrumento. Sua classificação no IMC do Reino Unido, que permitia que ele voasse nas condições climáticas que prevaleciam na época, também estava desatualizada e inválida. Hill estava efetivamente sem seguro. A investigação do acidente foi inconclusiva, mas um erro do piloto foi considerado a explicação mais provável.

O funeral de Hill foi realizado na Abadia de St. Albans e ele está enterrado no cemitério de St Botolph, Shenleybury, em Shenley, Hertfordshire.

Legado

Em 1990, Graham foi introduzido ao International Motorsports Hall of Fame.

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