A História dos Grandes Prêmios – Mônaco 1956

Stirling Moss foi a grande estrela em Monte Carlo, tendo liderado todo GP de Mônaco. Enquanto o inglês brilhava, Juan Manuel Fangio enfrentava uma tarde difícil no Principado para chegar em segundo lugar.

Stirling Moss foi sublime em Mônaco (Foto: Pinterest)

 

Foram três meses e meio que separaram as duas primeiras provas do Campeonato Mundial de Fórmula-1 e neste período, as equipes ficaram concentradas em desenvolvimento de seus carros e também nas disputas de corridas extracampeonato. As equipes aproveitaram a estadia na Argentina e participaram do GP de Buenos Aires que foi realizado em Mendoza – no dia 5 de fevereiro – e que viu a vitória ficar para Juan Manuel Fangio; quase dois meses depois, foi em Goodwood que recebeu o IV Glover Trophy e que foi vencido por Stirling Moss; o GP de Siracusa foi de domínio amplo da Ferrari e seus Lancia D50, com Fangio vencendo e liderando a trinca da equipe italiana que teve Luigi Musso e Peter Collins nas posições seguintes; em Aintree, no “BARC Aintree 200”, Moss voltou a vencer com o Maserati e a história voltou a se repetir no “International Trophy” realizado em Silverstone a 5 de maio; no dia seguinte, em Posillipo, acontecia o GP de Nápoles e que foi vencido por Robert Manzon com o Gordini T16, dando a fabricante francesa uma vitória em corridas que não acontecia há quase dois anos, quando Jean Behra venceu a prova extracampeonato em Cadours.

 

Os inscritos para Mônaco

Dezenove carros foram inscritos por oito equipes, sendo a Maserati com maior contingente – contando entre a equipe oficial e carros particulares – contabilizando um total de seis 250F.

A Gordini levou quatro carros para Mônaco, sendo dois novos T32 de oito cilindros para Ellie Bayol e André Pilltte e dois T16 de 6 cilindros para Robert Manzon e Hermano da Silva Ramos. A BRM levou dois P25 para Mike Hawthorn e Tony Brooks, enquanto que a sua co-irmã Vanwall levou dois VW2 para Maurice Trintignant e Harry Schell.

A Ferrari inscreveu quatro Lancia D50 para Juan Manuel Fangio, Eugenio Castellotti, Luigi Musso e Peter Collins. A Maserati levou três 250F para Stirling Moss, Jean Behra e Cesare Perdisa. Já a Scuderia Centro Sud teve dois carros inscritos: um Maserati 250F para Louis Chiron e um Ferrari 500 para Giorgio Scarlatti – este último, junto de Brooks, realizavam a sua estréia na categoria.

Entre as equipes particulares, apenas duas inscrições: Louis Rosier, com sua equipe Ecurie Rosier, inscreveu um Maserati 250F para ele próprio, enquanto que o mesmo exemplo foi seguido por Horace Gould, da Gould’s Garage, que levou um 250F para seu uso.

Esse GP de Mônaco ainda tinha alguns resquícios do GP argentino realizado em janeiro, quando Nello Ugolini, então chefe da Maserati, ainda protestava sobre o retorno à pista por parte de Fangio onde o Nello indicava que o argentino tinha recebido ajuda. Mas como acontecera na primeira etapa, os protestos foram rejeitados.

 

Fangio é o pole em Monte Carlo

Em vista do que acontecera com Alberto Ascari na edição de 1955, a chicane do Porto sofreu modificações que a deixaram mais lenta e isso refletiu nos tempos de volta que acabaram por ficar três segundos mais lenta em média.

Juan Manuel Fangio é quem garantiu a pole com a marca de 1’44’’0, sendo seis décimos melhor que Moss. Completando a primeira fila, Eugenio Castellotti ficou com terceiro melhor tempo com nove décimos de atraso para Fangio. A segunda fila foi formada por Jean Behra e Harry Schell, que conseguira um bom quinto lugar para a Vanwall. Maurice Trintignant, Carlos Perdisa, Luigi Musso, Peter Collins e Mike Hawthorn completavam os dez primeiros. Giorgio Scarlatti não conseguiu qualificar-se.

Um pouco antes do GP, houve três baixas: as duas BRM ficaram de fora após sérios problemas de motor e freios. Louis Chiron também não largou por problemas de motor no seu Maserati, o que significava que a Scuderia Centro Sud  estava fora do GP. Apenas 14 carros largaram para aquele GP.

Domínio de Moss em tarde errática de Fangio

A largada em Mônaco: Moss (#28) prestes a assumir a liderança (Foto: The Cahier Archive)

 

Com os dois melhores pilotos da categoria dividindo a primeira fila, era de se esperar um duelo naquele segundo GP da temporada. No entanto, a melhor largada de Moss acabou com essa possiblidade já que além dessa melhor saída do inglês, Fangio ainda perderia mais uma posição para Collins – que saiu de nono para segundo – ficando em terceiro.

O piloto argentino recuperou o segundo lugar no final da primeira volta e procurou apertar o ritmo para tentar alcançar Moss, porém essa tentativa lhe rendeu um dos raros erros quando ele rodou na St. Devote na terceira volta. Enquanto ele tentava retornar, Musso e Schell acabaram batendo em pontos diferentes da St. Devote na tentativa de desviar do carro de Fangio e abandonaram. O argentino conseguiu manobrar e voltar para a prova em quinto, logo atrás de Moss, Collins, Behra e Castellotti.

Enquanto Moss ampliava sua diferença para Collins, Fangio iniciava a sua recuperação: na 14ª volta passou por Castellotti – que veio abandonar pouco tempo depois por problemas na embreagem. O tricampeão passou por Behra na volta 19 e depois demoraria nove voltas para passar por Collins e assumir a segunda posição, onde ele teria que descontar uma desvantagem de quase 30 segundos para Moss.

Assim como acontecera no inicio da prova, quando Fangio errou na tentativa de buscar Moss, voltou acontecer no túnel quando o argentino bateu a roda dianteira direita e entortou-a. Desse modo, ele perdeu a segunda posição para Collins e mais tarde cairia para

O brasileiro Hermano da Silva Ramos marcou seus primeiros pontos com o quinto lugar

quarto e abandonaria a prova – o carro acabou indo para as mãos de Castellotti que mais tarde reclamaria por estar pilotando um carro danificado.

A corrida transcorreu tranquilamente até a volta 54 quando Collins foi aos boxes e lá acabou entregando o carro para Fangio, que voltou na terceira posição atrás de Moss e Behra. O piloto francês estava com 50 segundos de atraso para Moss e tudo parecia caminhar para um segundo lugar quando o motor do Maserati começou a falhar. Isso facilitou a chegada de Fangio que o superou na volta 63, mas mesmo com estes problemas Jean Behra ainda conseguiu sustentar a terceira posição.

O piloto da Ferrari recuperou a sua finesse por detrás do volante e agora estava na tentativa de alcançar Stirling Moss chegando a rodar até dois segundos melhor que seu antigo companheiro de Mercedes. Apesar do empenho do argentino, Moss parecia ter tudo sob controle, mas não contava em encontrar Cesare Perdisa pelo caminho: o piloto italiano se afobou quando estava para tomar uma volta de Moss e acabou acertando o carro do inglês. Isso danificou uma parte do capô do motor do Maserati  e a partir daí, faltando treze voltas para o final, Stirling diminuiu o ritmo até que chegasse aos seis segundos de vantagem sobre Fangio.

Mas não havia mais tempo para o argentino pudesse alcançar a liderança e Moss saiu como vencedor após liderar todas as 100 voltas da corrida; Fangio terminou em segundo com o carro de Collins – apesar do argentino também ter ficado em quarto com Castellotti, ele marcou pontos apenas com a segunda posição conquistada; Behra, mesmo com o motor problemático, ficou em terceiro; Castellotti também terminou se arrastando com o carro de Fangio em quarto, e deve ter agradecido a falha de Robert Manzon que havia assumido o quarto lugar com o Gordini e abandonou na volta 90 com problemas de câmbio; Hermano da Silva Ramos ainda garantiu os pontos para a Gordini com o quinto lugar.  

Para as efemérides, essa corrida marcou o primeiro pódio para Peter Collins, assim como seus primeiros pontos que também foi o caso do brasileiro Hermano da Silva Ramos; o pódio foi histórico para o automobilismo britânico que contou com dois pilotos por lá pela primeira vez; foi a derradeira prova de Élie Bayol na Fórmula 1, que acabou dividindo o carro com André Pilette e terminou em sexto.

Resultado Final

Grande Prêmio de Mônaco de 1956 – 2ª Etapa

Circuito de Monte Carlo – 13 de maio de 1956

Circuito de 3.145 metros – 100 Voltas

 

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