A História dos Grandes Prêmios – Holanda 1952

No dia 17 de agosto de 1952, o Grande Prêmio da Holanda marcou a estreia do país na Fórmula 1. A sétima e penúltima etapa do campeonato viu mais uma vitória do já campeão Alberto Ascari. Mais do que isso: o italiano marcou um segundo Grand Chelem seguido – quando o piloto larga da pole, faz a melhor volta e vence a corrida de ponta a ponta.

Mas ele não parou por aí. O primeiro lugar na Holanda foi o sétimo da carreira de Ascari, o que o fez bater o recorde de Juan Manuel Fangio, que tinha seis vitórias. Para a Ferrari, que também terminou a corrida com Farina em segundo e Villoresi em terceiro, essa foi a 9ª vitória e o 30º pódio.

A clássica pista de Zandvoort foi o palco desse primeiro GP Holandês. A distância de cada volta no circuito era de 4,193 km, enquanto a prova consistia de 90 voltas. Localizada na costa oeste do país e inaugurada em 1948, a pista recebeu nos anos anteriores o Grande Prêmio da Holanda, que até 52 não integrava o calendário do Mundial de Pilotos. Em 2020, depois de muitos anos fora da rota da Fórmula 1, Zandvoort irá voltar como uma das 22 pistas espalhadas pelo mundo que recebem a categoria.

Pôster do GP da Holanda de 1952.

Participantes

Como não poderia ser diferente, a Ferrari manteve escalados o recém coroado campeão, Ascari, bem como o vencedor de 1950, Giuseppe Farina. A mudança veio no terceiro posto: reservado para a volta de Luigi Villoresi. Afastado do campeonato oficial por ter sofrido um acidente no início do ano, essa foi a estreia de Villoresi na temporada. Ele substituiu Piero Taruffi, que até então vinha ocupando o lugar de terceiro piloto da scuderia. Além dos pilotos da fábrica, Charles de Tornaco levou para a Holanda uma Ferrari 500 amarela particular.

A segunda força do momento, a francesa Gordini, foi com o trio titular: Robert Manzon, Maurice Trintignant e Jean Behra. Também equipado com um chassi Gordini, ao jornalista esportivo Paul Frére foi dada mais uma oportunidade de correr num GP. Por outro lado, o equipamento britânico da HWM foi inscrito apenas por Lance Macklin e Duncan Hamilton. Sem Peter Collins, já que ele não estava disponível na ocasião. Ainda assim, representando os anfitriões, o empresário Dries van der Lorf também foi para a pista com um carro da HWM.

Depois de ter apostado no chassi A6GCM com Felice Bonetto em Nurburgring, a Maserati escolheu não participar na Holanda. Mas não faltaram carros da marca na pista naquele dia. Os brasileiros Chico Landi e Gino Bianco, bem como o piloto local Jan Flinterman, integraram o time da Escuderia Bandeirantes, que usava o chassi italiano. Enquanto isso, Stirling Moss tentou mais uma vez se dar bem atrás do volante de um ERA. Apesar de ter abandonado todas as corridas que participou no ano até então.

O único representante da Cooper na Holanda foi Mike Hawthorn, vindo de boa fase no ano. O mesmo se aplicou ao compatriota Ken Downing, solitário piloto da Connaught, a equipe que foi a atração do GP da Inglaterra. Por fim, Ken Wharton foi também o único a pilotar um carro da Frazer-Nash.

A promessa surpreende na classificação

Como no restante do ano, Ascari voou na prova de classificação e marcou a pole position, com um tempo de 1min46s5. Dois segundos mais lento, Farina fez um tempo que o colocou na segunda posição. Até aí nada de surpresa. Mas no terceiro lugar sim. Fechando a primeira fila, Mike Hawthorn conseguiu superar por pouco tanto a Ferrari de Villoresi quanto os Gordinis, com uma volta de 1min51s6.

Em quarto, Villoresi foi apenas dois décimos mais lento que o britânico. Em seguida, vinham Trintignant e Behra, em quinto e sexto. Com um forte sétimo lugar, Wharton também surpreendeu, fazendo uma volta em 1min54s7. Apenas um décimo mais lento que isso, Manzon conseguiu a oitava posição, fechando as três primeiras filas.

Os brasileiros porém, não surpreenderam em nada. Bianco conseguiu largar da P12, à medida que Landi foi apenas o 16º mais rápido.

Mais uma pra cumprir tabela

Ascari largou muito bem, mas foi acompanhado de Hawthorn, que tomou a segunda posição de Farina. O britânico chegou a incomodar um pouco o italiano, mas ele logo se livrou e disparou na ponta. Apesar do forte desempenho de Hawthorn, seu Cooper não era páreo para o ritmo de corrida das Ferraris. Por isso, ele foi ultrapassado tanto por Farina na segunda volta quanto por Villoresi na quarta. Porém, o futuro campeão de 58 conseguiu se manter como “melhor do resto”, logo a frente dos Gordini.

Enquanto isso, os carros franceses se envolviam em uma disputa interna. Behra, que havia largado melhor, não durou muito: abandonou na volta 10. Com isso, restou a Manzon e Trintignant disputar a quinta posição. Nesse ponto, quem começou a chegar nessa briga foi Moss, que havia saído da da última colocação.

Os dois holandeses, por sua vez, não iam nada bem. Van der Lorf estava andando em último e Flinterman abandonou na volta 7. Porém, Landi parou nos boxes e entregou seu carro para o piloto da casa, que prosseguiu na prova.

A partir desse ponto, com exceção de alguns abandonos, não aconteceu muita coisa. A única batalha viva era entre os franceses da Gordini e Moss. Se o britânico conseguisse terminar na sexta colocação, não marcaria pontos, mas pelo menos conseguiria ver a bandeira quadriculada. Porém, na volta 73 o motor do seu ERA estourou, acabando com qualquer esperança dos ingleses.Daí em diante, todos mantiveram suas posições. No apagar das luzes, na volta 89, Ascari marcou o melhor tempo da prova: 1min49s8.

Resultado do GP da Holanda de 1952

Reprodução formula1.com

Pela quinta vez seguida na temporada, Ascari marcou mais nove pontos no campeonato, indo a 45. Como o título já estava decidido para o italiano, a mudança importante veio na briga pelo segundo lugar. Sem Taruffi na pista, Farina tomou a vice-liderança e chegou a 24 pontos. Mas o colega de equipe não estava longe: ainda mantinha 22 pontos, em terceiro lugar. Em quarto, vinha Fischer, ainda com seus 10 pontos, já bem distante dos líderes. Por fim, Villoresi havia conseguido quatro pontos com o pódio, o que o colocou somente na décima posição na tabela.