A História dos Grandes Prêmios – Suíça 1954

Na Suíça se desenhou um possível duelo entre Juan Manuel Fangio e Jose Froilan Gonzalez após este marcar a pole, mas a expectativa se esvaiu na largada quando Fangio assumiu a liderança para uma vitória incontestável.

Vitória e título: Fangio venceu em Bremgarten e garantiu seu segundo título na categoria

O automobilismo argentino vivia um momento dúbio naquela ocasião: a perda de Onofre Marimon em Nurburgring tinha sido um duro golpe, uma vez que ele era o sucessor natural de Fangio e Gonzalez quando estes resolvessem aposentar. Aos trinta anos, Marimon já havia mostrado o seu virtuosismo ao volante dos Maserati e a sua última corrida, em Silverstone, fora uma marca a se considerar quando conseguiu superar mais de vinte carros ainda na primeira volta. Infelizmente a tragédia abreviou a carreira do jovem argentino e o que ficou foram apenas as imaginações do que ele poderia fazer mais a frente. Por outro lado, os argentinos ainda tinham o que comemorar: seus dois principais pilotos estavam com chances de serem campeões mundiais e dificilmente um terceiro piloto poderia intervir naquele duelo.  Tanto Juan Manuel Fangio quanto Jose Froilan Gonzalez precisavam de uma simples vitória: para Fangio significava o título e para Gonzalez era a esperança de adiar até Monza a possível conquista do compatriota.

Os inscritos

Ao contrário das duas últimas etapas onde o número de participantes foi superior a vinte, o deste GP suíço voltou aos níveis que foram os GPs da Argentina e Bélgica: apenas 17 pilotos foram para aquela corrida em Bremgarten que contou com sete equipes. A Ferrari apresentou o maior número de carros, superando neste quesito a Maserati: foram seis carros, sendo cinco oficiais e um particular. Robert Manzon, que havia feito as últimas corridas a serviço da equipe de Louis Rosier, assumiu um quinto Ferrari na Scuderia formando assim um quinteto com Jose Froilan Gonzalez, Mike Hawthorn, Umberto Maglioli e Maurice Trintignant; a Ecurie Francorchamps alinhou um Ferrari 500 para Jacques Swaters. A Maserati teve cinco modelos 250F: a equipe oficial de Alfieri Maserati levou quatro carros e um deles era para Stirling Moss que entrava como substituto do falecido Onofre Marimon. Roberto Miéres também passava a integrar a equipe em substituição a Luigi Villoresi naquela etapa. Os dois novatos completariam o quarteto com Sergio Mantovani e Harry Schell; a Owen Racing estava mais uma vez com um 250F que ficou aos cuidados de Ken Wharton. Após voltar aos trilhos com uma  um vitória convincente em Nurburgring, a Mercedes levou três W196 de rodas descobertas para Juan Manuel Fangio, Karl Kling e Hans Hermann. A Gordini inscreveu três modelos T16 para Jean Behra, Fred Wacker e Clemar Bucci.

Gonzalez surpreende ao marcar a pole

Desde a estréia da Mercedes em Reims, Gonzalez foi o púnico a conseguir ter um ritmo aceitável para tentar, ao menos, seguir os velozes carros prateados de perto. Assim foi na etapa francesa até que o motor do Ferrari quebrasse e depois teve aquela vitória fabulosa em Silverstone, onde não deu chance alguma a ninguém. Na classificação para o GP da Suíça Gonzalez foi mais uma vez surpreendente ao conseguir colocar a Ferrari na pole ao superar Fangio por apenas dois décimos (2’39’’5 contra 2’39’’7 do piloto da Mercedes). Na terceira posição, com 1’9 segundos de desvantagem, aparecia Stirling Moss com a Maserati; a quarta colocação era de Maurice Trintignant; a quinta de Karl Kling; a sexta de Mike Hawthorn. Hans Hermann, Ken Wharton, Sergio Mantovani e Clemar Bucci fecharam os dez primeiros.

Vitória e título para Fangio

Fangio assumindo a liderança em Bremgarten

Apesar da grande performance de Gonzalez na classificação, sabia-se que apenas um situação extrema é que poderia lhe dar a vitória em Bremgarten ou até mesmo emular a prova de Silverstone. Mas nada disso aconteceu quando a bandeira baixou e Fangio assumiu a liderança naquele GP da Suíça.

O piloto da Mercedes esteve em outro nível ao se distanciar constantemente de seus adversários que passaram a se “estapear” pela segunda posição: Gonzalez sofreu com a forte pressão vinda de Stirling Moss até que o inglês o superou e tentou ir á caça de Fangio. Mike Hawthorn também estava em grande dia quando passou com Gonzalez e partiu para a disputa da segunda posição contra Moss. Os jovens ingleses estavam prontos para duelarem pela posição, assim como fizeram em Silverstone e onde Moss havia levado vantagem quando ele bateu Mike no duelo pela terceira coloção. O duelo dos dois ingleses se estendeu até a volta 21, quando o motor do Maserati de Moss pifou e o caminho ficou aberto para Hawthorn que agora tinha a difícil missão de tentar alcançar Fangio. Porém, os esforços do inglês da Ferrari foram para o espaço quando o seu carro apresentou um forte vazamento de óleo e o obrigou abandonar na volta 30.

As primeiras dez voltas foram de desolação para a Gordini que viu seus três carros abandonarem a corrida neste intervalo por problemas mecânicos; Karl Kling rodou logo no inicio da corrida e teve que escalar todo pelotão numa boa corrida de recuperação, mas quando estava em terceiro acabou tendo problemas no sistema de combustível e abandonou na 38ª volta. A corrida teve um total de oito abandonos, isso sem contar o Ferrari de Robert Manzon que não largou.

O GP da Suíça foi um passeio para Fangio que conseguiu colocar volta até o terceiro lugar e vencendo a corrida com uma vantagem de 57 segundos sobre Gonzalez, que não esteve em sua grande forma neste GP que era decisivo para as sua pretensões no campeonato. Hans Hermann terminou em terceiro, seguido por Roberto Mières e Sergio Mantovani que fecharam as posições pontuáveis.

Este foi o derradeiro GP da Suíça, uma vez que a competição automobilística seria proibida naquele país após os eventos das 24 Horas de Le Mans do ano seguinte.

A vitória de Juan Manuel Fangio selou de vez o campeonato a seu favor ao chegar a 45 pontos totais 42 com descartes. Gonzalez era o segundo com 23 pontos e não tinha descartes e faltando apenas duas corridas para o fim, podia chegar apenas a 41 pontos se caso vencesse as duas e Fangio não pontuasse. Dessa forma, foi o segundo título mundial para Fangio numa temporada onde ele iniciou seus trabalhos de forma brilhante com o Maserati e encerrou a fatura do mundial com a Mercedes, ratificando o seu grande talento.

 

Resultado Final

Grande Prêmio da Suíça de 1954 – 7ª Etapa

Circuito de Bremgarten – 22 de Agosto – 66 Voltas

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